NOTA DA EXECUTIVA NACIONAL DE ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA SOBRE O NOVO ENEM/SISU
No início do ano de 2007 o governo Lula/PT e os Reitores Naomar da UFBA e Aluízio Texeira da UFRJ propagandearam fielmente o projeto “Universidade Nova”, que de nova só trazia o nome, pois se baseava fidedignamente no projeto universitário da ditadura militar.
O “Universidade Nova” tinha metas baseadas no projeto do Banco Mundial para o ensino superior, que visa um modelo mais simplificado para a América Latina: não universitário e de preferência privado ou de parceria público-privada. Proposta tal se baseava na demanda de conhecimento para o mercado, ou seja, cursos que se enquadram na flexibilidade e instabilidade do mercado na sociedade capitalista, como os cursos de bacharelados interdisciplinares. Nesse sentido o tempo de permanência na Universidade diminuiria, assim como os gastos por estudante, e os modelos de curso possibilitariam a enturmação (juntar várias turmas numa só), culminando em uma menor necessidade de contratação de professores.
Nesse mesmo projeto, o acesso universitário também aparecia com modificação. Os estudantes deveriam passar pelo ENEM para ingressar na primeira fase do curso, os bacharelados, e ao final prestariam outro exame para ingressar nos cursos nos formatos convencionais. Outro funil se faria para a pós-graduação.
Sem coincidência o decreto do REUNI é aprovado em abril desse mesmo ano com perspectiva de atendimento imediato ao mercado flexível e instável, com proposta de aumento da proporção professor/aluno, poucas verbas e bacharelados interdisciplinares. Nesse sentido as Universidades iniciam a implantação com aprovações truculentas e projetos destrutivos que abrem diversas possibilidades de sucateamento do ensino e privatização dos espaços.
Dois anos depois, novamente sem coincidências e nem mesmo por acaso é aprovada uma nova forma de ingresso nas Universidades Federais, e a maioria se integra ao sistema do “Novo ENEM”, pelo menos como primeira fase do vestibular, pois a segunda fase garante verbas extras para as Universidades com os pagamentos das taxas de inscrição.
Propagandeado como facilitador do acesso aos mais carentes, assim como foi propagandeado o REUNI, o novo ENEM se estabelece e trás consigo muita discussão e crítica por parte do movimento estudantil e do movimento docente, pois se mostra como mais uma faceta de política demagoga do governo Lula para propagandear a facilidade do acesso as Universidades, assim como o aumento no número de vagas das mesmas.
O fato é que o novo ENEM para além de não modificar o método meritocrático de seleção, assim como o vestibular, acentua as possibilidades de aqueles que têm acesso as escolas preparatórias para o processo, ingressarem no ensino superior.
A fragilidade do novo ENEM acarreta a fragilidade do SISU – Sistema de Seleção Única- que permite a mudança do curso, pré seleção, caso se destaque a não obtenção de nota para o curso pretendido. No entanto as fragilidades técnicas nos mostraram o conteúdo e a forma problemática desse sistema, quando estudantes que tinham obtido nota para as vagas ficaram de fora da classificação enquanto sobravam mais de sete mil vagas, numa realidade onde milhares de jovens se encontram fora do ensino superior.
Com isso, a Executiva Nacional de Estudantes de Educação Física entende que tanto o processo seletivo do novo ENEM quanto o tradicional vestibular são processos de seleção estritamente meritocráticos. O novo ENEM se estabelece em um pacote de modificações para o ensino superior que visa cada vez mais uma educação empobrecida e voltada ao mercado, e portanto, alienante. A educação não deve ser comercializada e nem ser prioridade para uma determinada parcela da sociedade, ela deve ser universal.
NEM NOVO ENEM, NEM VESTIBULAR: UNIVERSALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO JÁ!
EXECUTIVA NACIONAL DE ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA
GESTÃO 2009-2010